segunda-feira, 23 de março de 2009

Achei muito interessante o texto que se segue, é um pouco longo, mas vale a pena. Por favor, leiam e comentem:


O arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, sem dúvida passará à história com esta infame máxima: "O aborto é mais grave que o estupro."
Numa atitude arrogante, o bispo recomenda ao presidente da República: "Lula deveria procurar assessoria teológica para falar com mais propriedade sobre o tema do aborto". Vejamos o que diz a Bíblia Hebraica (Velho Testamento) sobre o aborto: "Quando brigarem homens, e ferirem a uma mulher grávida e saírem suas crianças, e não houver desastre (de morte na mulher), será multado (o culpado) se lhe reclamar o marido da mulher, e pagará (pelo aborto) como os juízes determinarem. E se houver desastre (de morte da mulher), darás alma por alma, olho por olho, dente por dente" (...), Êxodo (21:22, 23, 24). "E se no campo achar o homem a moça desposada, e o homem a forçar a se deitar com ele, então morrerá somente o homem que se deitou com ela. Mas à moça não farás nada; a moça não tem pecado de morte" (...), Deuteronômio (22:25, 26). Para o autor da Lei de Moisés, o mais importante é a vida da mulher. É lamentável que nossa legislação não encontrou inspiração na lei divina para punir estupradores e pedófilos.

O feto não é considerado um ser humano, pelo menos até o segundo mês da gravidez. Segundo Santo Tomás de Aquino resumido por Umberto Eco, "Deus introduz a alma racional só quando o feto é um corpo já formado; do que se segue que, após o Julgamento Universal, quando os corpos dos mortos ressuscitem, em dita ressurreição os embriões não participam, já que neles Deus nunca infundiu a alma racional".

Em um artigo do jornal L'Osservatore Romano, monsenhor Rino Fisichella disse que os médicos "não merecem a excomunhão", contrariando o próprio direito penal canônico e a CNBB, que apoiou o bispo Sobrinho. Evidentemente, monsenhor Fisichella não deve estar muito preocupado com a questão do aborto; sua inquietação está centrada mais na sobrevivência da sua secular instituição : "Infelizmente a credibilidade do nosso ensinamento está em risco, pois parece insensível e sem misericórdia".

O Vaticano é contra a pesquisa com embriões, contra a camisinha, contra a pílula, contra o aborto, enfim uma obsessão com tudo o que tenha a ver com a sexualidade humana e a reprodução. No ano passado, o supracidado bispo entrou na justiça para impedir a distribuição da pílula do dia seguinte em Pernambuco.

A Arquidiocese excomungou a mãe da criança e os médicos. Agora, segue o preceito de "não matarás" e pretende acionar a justiça contra a mãe ou o hospital. Bento XVI disse "não usarás preservativo!". Portanto disse "matarás!". As Escrituras podem ser interpretadas como uma lenda, literalmente ou de uma maneira alegórica. Guiar-se por um livro contraditório, escrito há mais de dois mil anos, sem apreciá-lo dentro de seu contexto histórico, é um delírio.

Osmani Simanca (Chargista de A Tarde)
Jornal A Tarde 21.03.2009

2 comentários:

Edu O. disse...

Fico indignado com a posição da Igreja em relação a maioria dos assuntos, porque demonstra a hipocrisia que lida com esses.

Agora eu pergunto: o que tem demais em ser excomungado? o que isso afeta na vida da pessoa? que poder é esse que a Igreja quer impor no outro?

Em mim não tem nenhum porque não dou ousadia. Eles podem esbravejar o que quiserem, a mim não chega.

Nilson disse...

Essa história toda é nonsense total. Excomunguemos o arcebispo!!