quinta-feira, 21 de maio de 2009


Não sei se te contei
mas há algum tempo sou minha
me adquiri num mercado
onde o escambo era da posse pela liberdade
me obtive numa dessas voltas da morte
me acolhi num desses retornos do inferno.
Dei banho, abrigo, roupas, amor enfim.
Adotei o meu mim
como quem se demarca e crava em si o mastro da terra à vista
a cheiro, a tato, a trato, a paladar e ouvido.
Não sei se te contei
me recebi à porta da minha casa
abrace, mandei sentar.
Abracei eu mesma destranquei a porta
que é preu sempre poder voltar.
Dei apenas o céu à sua legítima gaivota
Somos a sociedade
e ao mesmo tempo a cota
Visita e anfitriã
moram agora num mesmo elemento
juntas se ancoram
na viagem das eras
No novelo do umbigo
No embrião do centro
No colo do tempo.

Poema Adoção de Elisa Lucinda no livro O Semelhante
Foto I.Moniz Pacheco- Barra Grande - 2008.

2 comentários:

Edu O. disse...

Minha tia, lucinda para mim é uma fonte de inspiração.obrigado.

Nilson disse...

Oi, Ivonete, hoje fui ver a exposição na Galeria Ebec. Gostei muito. Dos seus e dos outros tb. Dos seus gostei em especial daquele sem título que é um primor de concisão, os traços e pontos vermelho e negro sobre o fundo branco. Os demais também são ótimos. E, santa ignorância, fiquei besta com a figura de Edson Calmon, sua proposta artística. Muito bom mesmo o programa! Parabéns pro mestre e pra vocês, muito bons alunos!!!