quinta-feira, 4 de junho de 2009

As sobras, os resíduos, vistos como matéria prima de primeira grandeza. Os fiapos imantados levando uma artista em direção ao fazer criativo.
As sobras são pequenas pistas que, bem utilizadas, permitem vislumbrar novas realidades estéticas, de alto valor expressivo que não seriam possíveis de ser percebidas e captadas sem essas pequenas pistas, fragmentos geradores de insights.
Decifrar e ler, decodificar esses pequenos fragmentos das sobras, seguí-los tal qual indicações para encontrar os caminhos de um tipo de criação artística, são conquistas de uma mente aberta e sensível para a linguagem da expressão plástica. Através desse procedimento, Ivonete Moniz Pacheco criou uma espécie de pensamento oculto, autônomo, que tem se mantido em fluxo contínuo e a está levando a um alto patamar da criação dentro das artes visuais.
Um artista, com real talento, pode conseguir e criar, através desses fiapos imantados, um caminho que nos levará por terrenos parecidos com os da semiótica, caminhos estes que nos levam a uma gama interminável de formas de comunicação e significação, criando relações entre todas as linguagens através das suas ações de signos, de formas traçadas e montadas pelos gestos e pelo olhar do artista.
A artista Ivonete Moniz Pacheco conseguiu chegar ao ponto onde o poeta Friedric von Hardenberg, mais conhecido como Novalis, colocou o sentido da verdadeira criação em arte:
"Para se fazer arte é necessário dar sentido ao vulgar, dar mistério ao comum, dar a dignidade do desconhecido ao óbvio e um traço de infinito ao temporal.".
Edson Calmon
04.06.2009

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