segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Andava sozinho, cabisbaixo, recolhido. Os amigos diziam, saia, procure, ou voce acha que o amor vai entrar voando pela sua janela? Ria. Ria disso.
Certo dia, chegando do trabalho, sentada no sofá da sala estava ela: a felicidade. Em carne e osso. Tagarelando com os demais. Não a reconheceu de imediato. Cumprimentou-a com um monossílabo e entrou para o quarto.
Depois desse dia sempre se esbarravam: nas escadarias, na rua, no supermercado, no shopping. Os ligeiros acenos se transformaram em cumprimentos, que viraram alô como vai, que não se sabe como deram em longos papos, que acabaram em uma carona, que se transformou em um grande amor.
Montaram casa e viveram muitos e muitos anos. Até que um dia, que não se sabe como, chegando em casa felicidade já não estava mais. No seu lugar apenas um fantasma. E o seu cheiro que dominava a sala e a cozinha, ah, e o quarto!
Teve que se mudar e ainda hoje chora, sentindo seu cheiro entranhado nos sete buracos da sua cabeça.
E entrou por uma porta, saiu pela outra, meu senhor que me conte outra.
Casa de bonecas.
Foto I.Moniz Pacheco

4 comentários:

Janaina Amado disse...

Que texto mais delicado! Adorei a foto da casa de bonecas.

Bípede Falante disse...

Nesses dias amargos, ler o seu blog é receber um acalento.

Bernardo Guimarães disse...

quem jamais viveu isso, levante a mão! viu? todos quietos...

Nílson disse...

Um continho??? Legal!