quarta-feira, 19 de maio de 2010


TRISTE BAHIA I


Estreante como colunista de O Globo uns dias atrás, Caetano Veloso em excelente artigo alude à principal causa de deterioração do Pelourinho, que seria de natureza política segundo ele. Nos dias que se seguiram, curiosamente, os jornais locais comentaram o fato sem sugestões ou opiniões e alguns representantes oficiais do governo se apressaram em desmentí-lo categoricamente, dando como exemplos planos genéricos pensados a partir de ações que seriam articuladas entre os governos municipal, estadual e federal. Diz o secretário de cultura para alicerçar sua opinião que: " diferente do exemplo da Lapa, no Rio, onde o poder público fez sua parte e a iniciativa privada e a sociedade, as delas, aqui o governo fez tudo como um pai/padrasto, com o dinheiro em uma mão e o chicote na outra." Reafirma não ser possível "revitalizar um território urbano sem a força de seus moradores, sem ações articuladas dos tres entes federados" e que não seria conveniente "tratar o Pelourinho como uma área isolada, um (im) possível parque temático. A maioria das soluções está no entorno para onde foram muitas das famílias retiradas da área, ocupantes agora de outras ruínas ou marquises, sobrevivendo do possível."
Não tenho procuração de nenhum deles para defender suas idéias. No entanto, causa estranheza que depois de quase quatro anos o governo estadual (cujo titular busca a reeleição) que tem excelente parceria com o governo federal (mesmo partido, mesmas idéias, e até certa intimidade) não tenha até agora sequer um plano funcional, prático, exequível, para revitalizar aquele importante espaço sagrado como patrimônio da humanidade, quanto mais ações efetivas que dêem algum alento ou esperança para o futuro da área.
Me causa espécie que as ditas autoridades ao invés de retrucar o artigo de Caetano Veloso (baiano, cantor e compositor famoso, com casa na cidade, onde passa algum tempo de sua vida) com a divulgação de providências, dos planos de ação do seu governo para o Pelourinho, saiam a dizer que ele está "sem informações". Pois bem se Caetano assim está, que diremos nós, moradores desta cidade sem segurança, sem saúde, sem educação, sem ações que protejam o patrimônio público, a cultura e o bem estar coletivo de cada dia.
Eu, particularmente, espero ansiosa, não por planos mirabolantes, não por desculpas esfarrapadas, mas por atos efetivos que tragam novamente a alegria de baianos e turistas, enchendo as ladeiras e becos de tão belo sítio histórico.

2 comentários:

Bípede Falante disse...

É isso mesmo!
Fala de políticos de gabinete, sempre atrás de uma mesa de restaurante a beber um bom vinho, não te mais o dom de iludir ninguém.

Anônimo disse...

Vocês façam-me o favor de preservar isso aí que um dia vou conhecer. Bjs