quarta-feira, 27 de abril de 2011

Os olhos vãos, vagueiam como caminhantes descalços que não sentem mais as agruras do chão. Permaneço calada, sentindo apenas os apelos das saudades que formam minha vida. O cenário desolador aceso, ao meu dispor, entrega, de cara, meu papel: retirante, caminhante, errante, silenciosa, triste como o rosto de um nordestino que se acostuma com a miséria da seca. Daqui a pouco nada restará, nem ossos.
O desespero contido é o pior de todos porque mesmo quando voce o libera, as marcas da contenção ficam para sempre coladas na sua alma.
A tristeza traz lágrimas delicadas. O desespero, jorros barulhentos. Nos dois o sofrimento atroz marcando a alma do vivente.

Trabalho Amélia Cabral
Foto I.Moniz Pacheco

2 comentários:

Lucia Alfaya disse...

Nossa, fiquei sem fôlego. É a descrição da tristeza mais triste que eu já vi (li). As lágrimas são a tristeza que escorre e os olhos são espelhos a refletir a escuridão da alma.

Bípede Falante disse...

Que texto delicado e tocante. Você escreve tão bem quanto pinta. Muito lindo, Ivonete.
beijos