sexta-feira, 27 de maio de 2011

A linha por sí só é poética. A construção plástica, a ocupação dos espaços, os suportes, os desenhos formulados, agrupados e preenchidos com cores, saltam aos meus olhos como tentativas de me entender e vai definindo um acréscimo interessante nas paredes do meu viver.

O tempo, por outro lado, vai deixando suas marcas na minha pele cada vez mais seca, nos meus cabelos cada vez mais brancos em minha silhueta cada vez mais arredondada e sobretudo nas memórias, que a contragosto, ficam mais seletivas, como uma inexorável, perceptível e tirana aproximação com a finitude.

De outro modo, ou por outro ângulo desse mesmo lado, o cenário atual violento, disperso e egoísta, desenvolve em mim um manifesto processo de distanciamento que me confere, pela própria situação, a possibilidade de expressar meus movimentos apenas pela arte.

Dentro das minhas limitações, de conhecimento inclusive, componho o que me seduz, do ponto de vista da liberdade artística.



Trabalho e foto I.Moniz Pacheco





6 comentários:

Lucia Alfaya disse...

E essa compreensão mútua entre nós e a arte é o que nos salva da nossa inexorável solidão.

Terráqueo disse...

Lindo trabalho, e excelente texto. Gostaria de saber como selecionamos quais memórias serão apagadas, ou guardadas para sempre? Creio que tenho a tendência de guardar as melhores, que as vezes pela saudades que contêm são tão dolorosas quanto as más. Beijos.

Edu O. disse...

e na arte essa finitude perde todo significado. Nos seus traços ficamos eternos.

Moniz Fiappo disse...

Pois é Lucia, que seria de nós sem essa viagem.

Moniz Fiappo disse...

Terráqueo,
É um mistério que a ciência um dia resolverá (ou não). Mas acho que a saudade é uma poderosa bateria que alimenta a memória, de modo que o sofrimento da falta fica ali, colado, nos desafiando vida a fora.
Beijo,

Moniz Fiappo disse...

Du,
Beijo grande. Concordo plenamente.