A linha por sí só é poética. A construção plástica, a ocupação dos espaços, os suportes, os desenhos formulados, agrupados e preenchidos com cores, saltam aos meus olhos como tentativas de me entender e vai definindo um acréscimo interessante nas paredes do meu viver.O tempo, por outro lado, vai deixando suas marcas na minha pele cada vez mais seca, nos meus cabelos cada vez mais brancos em minha silhueta cada vez mais arredondada e sobretudo nas memórias, que a contragosto, ficam mais seletivas, como uma inexorável, perceptível e tirana aproximação com a finitude.
De outro modo, ou por outro ângulo desse mesmo lado, o cenário atual violento, disperso e egoísta, desenvolve em mim um manifesto processo de distanciamento que me confere, pela própria situação, a possibilidade de expressar meus movimentos apenas pela arte.
Dentro das minhas limitações, de conhecimento inclusive, componho o que me seduz, do ponto de vista da liberdade artística.
Trabalho e foto I.Moniz Pacheco

6 comentários:
E essa compreensão mútua entre nós e a arte é o que nos salva da nossa inexorável solidão.
Lindo trabalho, e excelente texto. Gostaria de saber como selecionamos quais memórias serão apagadas, ou guardadas para sempre? Creio que tenho a tendência de guardar as melhores, que as vezes pela saudades que contêm são tão dolorosas quanto as más. Beijos.
e na arte essa finitude perde todo significado. Nos seus traços ficamos eternos.
Pois é Lucia, que seria de nós sem essa viagem.
Terráqueo,
É um mistério que a ciência um dia resolverá (ou não). Mas acho que a saudade é uma poderosa bateria que alimenta a memória, de modo que o sofrimento da falta fica ali, colado, nos desafiando vida a fora.
Beijo,
Du,
Beijo grande. Concordo plenamente.
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