segunda-feira, 13 de junho de 2011



Os psicólogos, terapeutas, analistas, psiquiatras, estudiosos dessa coisa eternamente complicada que é a cabeça de uma pessoa, dizem que a felicidade está dentro de nós. Não adianta buscá-la fora. Ela está dentro de voce, seja lá o que isso quer dizer. Na minha singela ignorância francamente não entendo. Como ser feliz com meu time caindo pelas tabelas depois de sete anos na série B? Como, se um vizinho violento e brutamontes maltrata sua mulher que aceita isso e se porta como se não ouvíssemos seus lamentos noturnos? Como, se nas esquinas há sempre uma mulher jovem com dois ou tres pequenos a esmolar? Como posso esquecer a cara infinitamente triste de uma amiga, sem plano de saúde, que pena há dois anos por uma cirurgia que lhe livrará de dores e incapacidades para o trabalho? Como ser feliz se a solidão compartilhada me torra os ossos e os miolos? Nem os amores, nem as fantasias de felicidade que tocam vez em quando meu coração queimam a angústia do olhar ansioso que acolhe silenciosamente o que se passa à minha volta. Meus braços cingem essa ansiedade como se eu fosse a responsável direta pela solução desses dramas.

Não quero um mundo perfeito, mas a falta do básico, da cidadania, impede que eu, só e ainda saudável, desfrutando de um conforto mediano, consiga ter essa tal de felicidade dentro de mim.


Foto I.Moniz Pacheco

Escultura na área externa do MAM-Ba

8 comentários:

Lucia Alfaya disse...

Pois é, se dizem que a nossa felicidade não está nos outros e não a encontramos dentro de nós, onde andará essa tal felicidade? Se não está fora, nem dentro, poderia estar embaixo? Ou do outro lado? E essa história que que temos de buscar a felicidade a qualquer custo, também não me convence. Além disso, como você bem disse, não dá pra fechar o olhos e os ouvidos e fingir que dá pra ser feliz sozinho... eita coisa difícil esse negócio de ser feliz!

Bípede Falante disse...

A minha felicidade tem muitas pernas. Deve ser uma centopeia que me escapa apressada quando quer e volta ainda mais rápida quando eu menos espero. A minha felicidade às vezes é preguiçosa e dorminhoca. Outras tantas, disciplinada e altiva. A minha felicidade tem dupla personalidade (ou múltipla) mas é minha e nunca desisti de mim.
Beijos, gurias :)

Anônimo disse...

Também a mim essa situação tem incomodado muito. Parece que cada dia há mais a fazer e menos fazendo. Faço o pouco que posso perto de mim e entrego ao Pai o muito que não alcanço

Moniz Fiappo disse...

Lucia,
É realmente difícil, vou vivendo cada situação e tirando o melhor momento dela.

Moniz Fiappo disse...

Bípede,
Ás vezes bate essa desesperança, mas sempre (felizmente) existem momentos, situações, pessoas, que nos trazem felicidade para equilibrar.

Edu O. disse...

esse é pra irmos fundo nas coisas de nós mesmos. vixe, minha tia! não sei falar...

Anônimo disse...

Muita calma nessa hora. A felicidade não é desse mundo. Ainda não. Mas será um dia. O que estiver ao nosso alcance devemos fazer. O possível. Querer ajustar o que está errado é tarefa de muitas vidas e de muitos outros, até mesmo dos que hoje sofrem. Por isso não concebo uma vida só. O que nos cabe é persistir no certo, ainda que o certo seja um conceito tão mal formulado nesses dias insanos.

Beijos e não percam a esperança jamais.

Moniz Fiappo disse...

Chorik,
Suas palavras chegaram na hora certa, naquela hora que voce está precisando ouvir aquela voz amiga e firme, que traz esperança e alento quando tudo parece não ter sentido.
Obrigada,