quinta-feira, 1 de abril de 2010

Começou nos Estados Unidos em 2002 uma série de denúncias de abusos sexuais de crianças por membros da igreja católica.
Agora revela-se que o atual Papa Bento XVI, quando comandava a Congregação para a Doutrina da Fé (orgão do Vaticano que é responsável, entre outras coisas, por apurar os desvios sexuais dos clérigos) nos anos 90, suspendeu o julgamento de um padre americano acusado de molestar cerca de 200 meninos surdos.
Entre o acobertamento e a omissão, a igreja exerce que papel nos crimes praticados por seus sacerdotes que destruíram a vida de gente que, em princípio, deveriam cuidar espiritualmente?
Os mais devotos culpam o celibato por esse crimes. Não comungo de tal idéia! A condição do celibato é antinatural, quando imposta, ao homem. Mas, a meu ver, não é a causa da pedofilia. Ora, a convivência com o outro, no caso do casamento, traria ensinamentos valiosos para os ministros da igreja, entre outras coisas melhorando os problemas da solidão casta.
Entretanto, a maioria dos pedófilos (fora da igreja) tem se revelado casados ou com relacionamentos estáveis e segundo suas parceiras, cumprem regularmente seus deveres conjugais.
O fundamental no pedófilo são suas fantasias com gente jovem, de presumida inocência, onde seu poder é absoluto. A alegação de que sucumbiram a demônios não diminui em nada o horror e os efeitos devastadores quase sempre definitivos nas suas vítimas.
Esses indivíduos deveriam, no mínimo, ser afastados de pronto e submetidos a tratamento psicológico com acompanhamento de seus superiores.
O poder que a igreja exerce sobre seus fiéis vem difundindo, desde o tempo do alinhamento com os tiranos, excreções como a resistência aos avanços da ciência, a demonização do sexo, a proibição ao uso de anticoncepcionais, da camisinha, etc.
O que me causa espécie e um misto de indignação e incredulidade é a posição da igreja ante esses fatos. Baseada no que representa, no seu projeto de dominação, na idéia de guia de rebanho, foi forçada a descer do altar do orgulho e castidade?! para reconhecer que alguns pastores falharam.Mas isto só depois que estourou a bolha podre dos escandalos de pedofilia. Aí foi obrigada a pedir desculpas. Desculpas? O que está sendo feito para evitar novos casos? A sociedade (não só a católica) tem o direito de saber e o dever de exigir.
Um simples pedido de desculpas ou mesmo os vários milhões de dólares conseguidos pelas famílias nos acordos ou tribunais não recompõem as vidas destruídas ao longo dos séculos.
O papa, decididamente, não é pop!

6 comentários:

Janaina Amado disse...

Assino embaixo do seu texto corajoso, Ivonete. Concordo inteiramente com ele. Para mim, uma das piores coisas do mundo é o abuso de crianças. Totalmente anticristão.
Um beijo e um abraço.

Lucia Alfaya disse...

Como podem falar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo os homens que acobertam crime tão hediondo? É por essas e outras que a igreja católica vai perdendo seu rebanho, cada vez menos rebanho e mais pastor das próprias idéias.

Lucia Alfaya disse...

Tem notícias de André?

Bípede Falante disse...

A igreja católica coleciona maldades. É revoltante.

Terráqueo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Terráqueo disse...

Desculpe-me os religiosos. Mas quando você falou em "poder" para mim tocou no cerne. Alguém que se acha tão poderoso ao ponto de poder de apagar os pecados dos outros e levá-los aos céus só pode estar muito perto da psicose. Quem é tão poderoso assim, pode tudo. Então não me surpreende que essas pessoas tenham essas atitudes. Quanto ao Papa, representa uma indústria lucrativa, opressora, e que já cometeu tantos crimes e criou tantas guerras, que fica até constrangedor dizer que é católico. Viva a Santa Madre Igreja, a Santa Inquisição, e os Papas que vão de país em país pregar a abstinência sexual (sexo é somente para eles nas igrejas, escolas e hospitais), a caridade (mas os sapatos do Papa são Ferragamos feitos sob encomenda), e que a camisinha é pecado (bom mesmo é a AIDS na África). Desculpem-me os católicos, mas não consigo ter admiração pela igreja católica. Aliás, por quase nenhuma religião. Acho que são decorrência do medo da morte. Mas pelo menos algumas preservam valores éticos, que nunca enxerguei na igreja católica, em nenhum século da história. Para mim ela esteve sempre perto do poder vigente, como uma forma de sacramentar a teoria do poder divino durante a época dos impérios. Enfraquecida nos tempos republicados, tornou-se uma indústria que vende lucrativos serviços escolares, hospitalares, e de comunicação, sem pagar impostos. Sei que toquei um assunto sensível e que não se fala em política, sexo e religião, mas não consigo deixar de criticar a igreja e o que representa. Desculpem-me,
Abraço,