quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Arte e produção literária na Bahia

Gilberto Martins
Escritor, Professor de Língua Portuguesa, Literatura e Produção Textual

Pintura, música, literatura. O que aproxima estas três manifestações culturais? Num átimo, qualquer pessoa de bom senso diria que se trata de arte. Mas o que faz de um texto, pintura ou música uma obra de arte propriamente dita? No mínimo, que vá além do seu tempo e do seu espaço. Portanto, aquilo que é definitivamente arte somente poderá ser considerado como tal daqui a décadas, séculos talvez.
Sabemos que Miguel de Cervantes, Vincent Van Gogh, Chopin ou Castro Alves produziram, inquestionavelmente, obras de arte. Mesmo assim, costumo dizer que não existe artista genial, e sim obras geniais. Nós que vivemos da palavra escrita, por vezes, descartamos ou reescrevemos diversas vezes textos que julgamos não estarem bons. Mas quem somos nós para dizer isso ou aquilo sobre nossos próprios escritos? Somente o tempo tem competência para legitimar o que fazemos.
Castro Alves, Adonias Filho, Jorge Amado, para citarmos apenas tres nomes, foram pessoas que, além de literatura produziram arte. Esses autores, assim como outros tantos, deixaram para as gerações futuras um legado de inquestionável valor. E hoje? O que tem sido produzido e publicado para se deixar um legado? Não duvidemos que há muita gente produzindo literatura, fazendo arte.
Considerando que nenhum artista se revela a si mesmo, é preciso criar mecanismos para que essa gente leve seus textos ao grande público, mostre sua arte e revele-se ao mundo. Ser um grande leitor não requer nenhum talento nem habilidades especiais, já o autor precisa de incentivo, talento, vocação e acima de tudo, aptidão. Nesse sentido, a implementação de cursos para formação de escritores, concursos literários, entre outros projetos, patrocinados pela iniciativa privada, são fundamentais.
Não seria justo para esta terra, que tem a arte na alma, que daqui a aproximadamente 30, 50 e 100 anos continuemos a reverenciar apenas os criadores de Gabriela, de Teresa, ou da Moça dos Pãezinhos que morava no Largo da Palma.

Um comentário:

Lucia Alfaya disse...

E nós sabemos como tem tem gente escrevendo bem por aí. O que falta para ques esses novos talentos sejam reconhecidos? Será que sofrem da mesma doença dos pintores?