Vívido. Incessante. Lateja em mim o desejo cego, surdo aos apelos do senso crítico que luta por um lugar ao sol.
Gritos sobem pela garganta e emudecem em minha língua.
Fiz dos braços anzóis e das pernas âncoras no intuito de te prender.
Os olhos vagueiam no horizonte buscando uma luz que apague o fim.
As mãos, alheias ao turbilhão, desenham frágeis ondas nos cabelos finos da minha imaginação.
Palavras brotam do vácuo e atordoam meu silêncio incurável.
Tudo me impele ao vôo mas permaneço estática, pele nua contra o frio chão.
Me perturba essa sensação de pertencimento ao nada e que corresponde ao estrangeirismo onde quer que eu esteja.
Suo bílis. Verto sangue. Vomito lágrimas. Prego loucuras. Acredito em mentiras. Tenho dó e nojo. Gozo e sonho. Acordo morta.
Trabalho e foto I.Moniz Pacheco
7 comentários:
Esse veio de dentro, das vísceras. Veio forte. Você escreve cada vez melhor e mais intensamente, Ivonete!
Reconheço-me tanto nesse texto.
Beijos
com saudade de vir aqui
Nilson,
Um elogio e tanto vindo de meu poeta preferido.
Bípede,
Temos alguma simbiose nos escritos. Também me vejo muito nos seus textos.
Beijo
Que poema intenso! Cada verso um jogo interessante de ideias e palavras. Adorei.
Bj
Das profundezas do ser surge a fênix em forma de versos, mostrando toda a sua força e solidão!
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